Governo enricou e ocupação do solo empobreceu em Ilhabela
O Prefeito de Ilhabela tem desafios para zerar distorções e melhorar indicadores.
Saber que o Prefeito de Ilhabela, Antonio Colucci, deu ré num processo que estava avançado de desapropriação de duas áreas para a construção da ETE Curral-Praia Grande, é uma notícia.
Fala-se em "economia" de quase R$ 4 milhões, já que o projeto será executado em área pública, não mais em particular.
Se
tecnicamente a engenharia disser que isso não causa problema, ótimo.
Não sei em que fase está o licenciamento dessa obra, mas, a troca de
lugar altera os prazos. É imprescindível que seja feito. A busca pela
universalização é irrefreável. À conferir.
Ricardo Salles, o boiadeiro do Ministério do Meio Ambiente, que outrora foi até atacado por um então vereador (não reeleito) e pelo Secretário de Governo à época, porque criticou a timidez, a apatia da Prefeitura em resolver e investir no setor, incomodado com as bandeiras vermelhas da Cetesb sobre
as condições de balneabilidade, chegou até a ameaçar sobre coisas que
duvido que tenha mãos para alcançar: a distribuição dos royalties do
petróleo.
Mas, isso passou, o Ministro fumou o cachimbo da paz com os ilhéus - e participou da posse do novo Secretário Municipal de Meio Ambiente, Xico Graziano.
Ele não deixou de ter razão sobre a imprescindibilidade do investimento
no setor. A organização Mundial da Saúde reviu seus estudos e garante
que a cada R$ 1 real investido em saneamento básico economiza-se R$ 9
reais, não mais R$ 3, em Saúde.
O Banco Mundial tem estudos que apontam que esse tipo de iniciativa, aliado a outros fatores, confere valorização imobiliária de 4 a 6 vezes mais. O valor venal do imóvel é precificado por outros fatores, claro, sendo que o principal é sua localização, e a Ilhabela é este fator por si só, portanto, além de todos os benefícios, o m² (metro quadrado) fica sobre nova precificação.
No
caso de Ilhabela, por ter enricado com a receita do ouro negro, ocorre
um fenômeno de ordem pública importante, mas, que precisa ser enfrentado
em algum momento: a revisão da Planta Genérica de Valores, que incide
sobre o IPTU, logo, a receita própria. O Município não quer e não vai
discutir isso agora, é politicamente incorreto e economicamente
desnecessário, além de socialmente insensível, mas, é um tema que
precisa ficar no horizonte. Sem os royalties do petróleo, a Prefeitura,
com a receita própria, vai se tornar praticamente uma gestora de folha
de pagamento.
Vencida essa fase de liquidação da verdade, uma temporada
de black-friday de versões sobre as razões da quantidade de praias com
areia e água sob índices proibitivos de impurezas e coliformes fecais em
Ilhabela, falemos um pouco sobre a parte territorial e sua ocupação do solo urbano, sobre a propriedade.
A
suspensão de contratos e o cancelamento de desapropriações por
determinação do Prefeito ilhéu, pôs em xeque a política urbana, a de
desenvolvimento e, claro, a de desembolso financeiro da gestão da ex-prefeita Gracinha Ferreira.
Além disso, chama a atenção imóveis desapropriados e inutilizados.
Errático e perdulário, essa é a definição para o Governo antecessor.
É preciso, todavia, saber onde de fato há o interesse público nessa história, quer seja pelo ato dos Decretos que congelaram essas áreas e as desapropriaram, o que precisa ter objeto claro; ou pelo levantamento desses Decretos pelo atual administrador e suas razões. É o caso, penso eu, de se propor imediatamente uma CPI na Câmara Municipal.
Curiosamente, e aqui finalizo essa parte da introdução ao debate, nos últimos anos o povoamento de Ilhabela se destacou muito pela invasão de terras, quer seja privada ou pública, a natureza é a mesma: a grilagem, ao mesmo tempo em que a Administração foi às compras de terras.
Não
há uma clareza sobre o banco de terras públicas e particulares no
município, mas, este é o fato: No período que mais houve invasões e
ocupação desordenada do solo urbano, foi também quando mais se investiu
em marketing para o turismo e o tempo em que mais se desapropriou áreas
privadas - aumentando a área institucional, sem a necessária oferta
administrativa e estrutural.
Quanto mais rica a economia pública, mais empobrecida a ocupação social.
Será
este um fenômeno sobre a realidade chocante da abundância dos royalties
do petróleo? Será a ausência de critérios claros de gestão ou
deficiência na fiscalização? Equívocos sucessivos na estratégia de
comunicação, sem maior profissionalismo com métricas de marketing, por exemplo?
E
este é o caso do saneamento básico; o acúmulo de custos com a solução
para o lixo, entre outras demandas desafiadoras para o Poder Público,
especialmente para o Governo.
A riqueza pública precisa se refletir no conjunto da sociedade, produzir bons indicadores de qualidade de vida e ser compreendida como pertencimento.
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